23 junho, 2006

Noite estranha

      Era noite. Eu estava no ônibus a caminho do metrô Tucuruvi para fazer regresso a minha casa, mas algo estava estranho. O céu parecia mais escuro e não havia nada o iluminando; nem estrelas, nem a lua e muito menos a luz dos postes ao redor do metrô.
      Eu estava muito diferente do normal. Parecia que todos meus sentidos estavam extremamente atilados. Eu ouvia coisas que não sabia de onde vinham, meus olhos doíam por causa da claridade, minha saliva parecia muito mais saturada do que o normal, sentia odores muito mais facilmente, logo, sendo muito mais incomodado do que qualquer outra pessoa.
      Mesmo com todas essas alterações, ainda sim tentava ignorá-las e seguir meu caminho para casa. Meu celular marcava por volta das 9:30PM, e já estava atrasado, já que do Terminal Tucuruvi até a estação Guilhermina-Esperança do metrô demorava cerca de uma hora.
      Quando entrei no metrô, esse parecia muito estranho. Mais vazio. Sem seguranças, sem atendentes, sem usuários.
      Olhando a frente notei um extenso corredor, que parecia muito atípico, já que era a primeira vez que o notara, talvez pela minha pressa habitual. Ao entrar nesse corredor, me senti muito ofuscado pelas luzes ali acesas, mas ainda sim era suportável. Depois de caminhar por cerca de 10 metros, as luzes à minha frente foram apagando uma a uma, sem exceção até das que eu já tinha ultrapassado. Admito que me exaltei corporeamente por causa do susto, mas minha boca parecia selada e não conseguia falar, muito menos gritar. Tudo parecia muito estranho.
Já que as luzes haviam se apagado, não vi outra alternativa a não ser recuar e voltar e para onde estava, pelo menos lá havia luz e se necessário, a saída.
      No caminho de volta onde estavam as catracas; a entrada da estação; minhas pernas foram perdendo as forças gradualmente, como se eu fosse alvo de alguma peste. Era tudo um pouco conspícuo demais
      Mais à frente avistei uma escada, e a respeito desse ambiente eu pude notar que a estação estava completamente mudada, pois é quase impossível existir uma escada estilo caracol numa estação de metrô. Fazendo força para me sustentar sobre minhas pernas fui verificar o que havia naquelas escadas e novamente as luzes se apagaram. Ao chegar perto comecei a ouvir murmúrios que pareciam ser de um casal.
      Movido pela curiosidade cheguei um pouco mais perto e pude ouvir com clareza que eram um homem e uma mulher, ela gemendo de prazer e ele soltando grunhidos igualmente adjetivados. Constrangido pelo ato dos dois, me movi para longe dali, e só agora me movendo lentamente, percebi em qual estado estavam minhas pernas; roxas, e só comecei a sentir dor no momento em que prestei atenção nelas. A dor era tremenda, e a sensação de não poder soltar nem um grunhido, nem qualquer outra exclamação pelo fato de minha boca parecer selada me deixava em pânico. De alguma maneira não conseguia nem me mexer, talvez dado o fato de todos os meus sentidos estarem aguçados - meus ouvidos pareciam estar se concentrando nos gemidos de prazer do casal, meus olhos não enxergavam absolutamente nada, e agora, minha boca sentia o amargo gosto do sangue.
      Caído no chão, perdendo a consciência, pude ver, a minha frente, duas botas, e avançando um pouco mais acima, um sobretudo, que cobria por inteiro o tronco desse individuo. Seu rosto. Como estava escuro, não consegui enxergar muita coisa, mas puder ver em seus olhos o vermelho faiscante, tonalidade igual ao que agora via no chão; meu sangue encobrindo toda minha face aturdida pelo medo e desespero de estar ali.

Postado ao som de: Dimmu Borgir - Vredesbyrd

22 junho, 2006

Dia /\ Dia

          Cada dia é um novo dia...
Parece redundante, mas pense: por mais parecido que seu dia tenha sido com o anterior, tenho certeza que algo de novo ele teve. Um olá mais efusivo, um abraço, uma linda vista, ou até mesmo um suspiro perdido entre pensamentos nunca antes sentido.
          Chega a ser medonho o jeito com o qual aprendemos coisas no dia-a-dia. Você mais uma vez pode não perceber ou até mesmo ignorar, mas todo dia alguém lhe ensina algo, ou você mesmo aprende na "marra".

          Assim vamos indo, como já diz a famosa frase cujo autor desconheço "Assim caminha a humanidade".

Postado so som de Arch Enemy - Burning Bridges